quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

  Eu fiquei enrolando muito pra escrever sobre isso porque eu não conseguia encontrar um lado sobre o que tem sido pauta desde o mês passado.  O famoso "Rolezinho".
  Foi um pouco difícil me manter de olho nas reportagens, textos e vídeos sobre o assunto, no final do texto vou por os poucos links que sobraram na limpeza de abas.
 
  Vou expor a MINHA opinião, dentro das coisas que eu li, que eu conheci e que eu vivi, vou tentar ser o mais clara o possível.
 
  O que mais me tem chamado atenção é a quantidade de significados que estão colocando em cima da ida em grande número de pessoas ao shopping. Cada um coloca o que quer colocar, falam de baderna, falam de protesto das classes baixas, falam de apartheid, já já tão falando de invocação do capiroto....
  Pra mim, foi só um evento de facebook que deu MUITO certo. Não é legal comparar nem com um flash mob  pois não tem nada a ver.

 Entendo algumas coisas pela escolha do shopping center como o lugar do encontro, a primeira é que aqui em SP os espaços públicos. como praças e parques, não são públicos de verdade, já reparou quantas praças são cercadas? Quantas praças e parques tem horários pra funcionar? Quando eu era mais nova eu não tinha muitas opções de sair com os meus amigos, fazíamos a mesma coisa, nos juntávamos no shopping, passeávamos por ele, comíamos na praça de alimentação e as vezes até rolava um cinema. Era o espaço que a gente tinha, era o nosso espaço pra mostrar que éramos independentes. E onde nossas famílias não achavam que ia ter problema, pois era um lugar onde existia segurança.
  O outro é a importância do shopping center dentro da nossa sociedade. A ideia do shopping sempre foi vendida como "um templo de compras", onde você poderia achar tudo que precisa, sem precisar desperdiçar muito tempo indo de um lugar a outro, onde você faz suas compras sem se preocupar com a sua segurança, um lugar para facilitar a sua vida. Isso é, um lugar para as classes consumidoras irem, quem fica fora dessa? pessoas com baixo poder de consumo. Vivemos numa sociedade onde a construção de identidade de cada indivíduo, o lugar na sociedade que ele deve ocupar dependem de fatores que vão desde as limitações econômicas, culturais, sociais, até as possibilidade que se apresentam à ele. Vivemos em uma sociedade dividida em classes, sendo que as classes mais altas são as que dominam a Economia, a Política e a Cultura. Então temos uma sociedade como um todo, englobando todas as classes sociais e seus valores globais, sua produção simbólica e seu sistema de símbolos (ethos), existem os códigos e valores culturais específicos de cada segmento da população. Para as classes mais baixas é mostrado o tempo todo que ela precisa consumir as mesmas coisas que as classes mais altas, só assim poderão ser inclusos no resto da sociedade. Onde existira esse consumo? Dentro do shopping. Então você mostra o tempo todo que a classe baixa deve ser parecida com a classe alta, deve consumir como a classe alta, mas quando eles vão aos shoppings sonhar e dividir as roupas, os celulares e os tênis em várias prestações sem juros, você cria um preconceito e quer tirar essas pessoas de dentro do lugar que você manda ela ir o tempo todo? Isso é bem confuso... O consumo virou praticamente um valor cultural na nossa sociedade. E como sempre, as altas classes querem deter o consumo para elas, para que haja uma diferenciação entre eles e as demais classes. Isso ainda está confuso. As classes baixas têm necessidades de ostentar, de consumir para poderem entrar em outros estratos sociais. Dá uma ouvido no que é chamado "funk ostentação", eles mostram o tempo todo a importância de se ter coisas, de possuir objetos considerados de elite, e isso não partiu deles, isso veio externamente, foram induzidos a achar que o consumo é bom, que eles se tornariam pessoas melhores se consumirem certos produtos.

  E para retirarem essas pessoas de dentro dos shoppings usam uma polícia que não sabe tratar outros seres humanos, uma polícia desumanizada. Onde as pessoas foram tratadas como criminosos, sendo que eles estavam ali para outra coisa, e não para o arrastão no shopping como os jornais resolveram falar logo assim que saíram as notícias sobre o caso. Não posso negar que houve sim furtos, mas isso acontece sempre que algumas pessoas conseguem a brecha, como aconteceram nos protestos, ou como acontece na 25 de Março na época do Natal porque é muita gente, e não se tem controle de todos o tempo todo.

  O Rolezinho começou como uma forma despretensiosa de juntar os amigos, amigos de amigos, algo que deu muito certo, chamou a atenção, chamou a atenção para as discussões sociais no Brasil, onde poucos tem muito e muitos não tem nada. Mostrando a necessidade de atenção a essas classes "do outro lado do rio", que tem as mesmas necessidades que todas as outras, só que com bem mais urgência.

Alguns links:
O ano que não vai acabar - Folha de SP

Rolezinho e desumanização do pobre

Etnografia do Rolezinho - Carta Capital

Rolezinhos: qual deles combina com você - Carta Capital

Higienópolis experimentou um Rolezinho de negros em 2012

Documentário "Eu só quero conhecer o Shopping" (filmado no ano 2000) e o "Rolezinho" hoje

http://farofafa.cartacapital.com.br/2014/01/15/capitalismo-anticapitalista/

esses foram os que mais me chamaram atenção, mas não foram nem metade do que eu li nesses últimos dias. acho importante se você quiser ter uma opinião sobre algo, não se ater a 2 reportagens e meia dúzia de comentários.









segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Eu tinha visto essa versão original, antes de ser dublada, é bem válido pra nossa realidade brasileira.





Ainda estou pensando em como escrever sobre isso

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

  Acabei de ver um programa na televisão, não lembro mais o nome dele, onde fizeram uma reportagem com diferentes grupos de pessoas que se interessavam por diferentes tipos de música. 
  Um dos estilos foi o hip hop, consequentemente algumas coisas sobre o rap, foi um dos pedaços do programa que mais me interessou. Eu acho a cultura do hip hop muito interessante, não conheço muitas músicas, muitos artistas, nunca vivi dentro dessa cultura, sou mais uma observadora do que acontece. Um dos pontos que o garoto que fazia parte do grupo entrevistado disse, quando o apresentador perguntou se eles gostavam de funk, ele disse que não, não pelo que o funk é hoje, o hip hop luta contra a condição preconceituosa da pessoa da favela, da classe baixa, é um estilo de música que mostra pra comunidade que ela é melhor do que a elite diz que eles são, que eles não precisam roubar nem matar, que eles consegue sair daquilo ali lutando, além de lutarem pelos direitos deles de terem as coisas necessárias para a vida deles, coisa que o funk não faz, e, disse o garoto, 90% das músicas falam pra você sem um criminoso e tomar as coisas dos outros. Meu caso com o funk fica para outro dia.
  Achei bem interessante ser relembrada que o hip hop sempre foi música política, de mostrar o que acontecia e mais ninguém falava, que a 20 anos atrás, ser do hip hop e mostrar as merdas que aconteciam contra a população daquelas comunidades era extremamente perigoso, pois iam contra os donos dos morros ou a elite. Eu simplesmente amo essa cultura vinda das pessoas que querem mudanças, dessa raiva que é liberada pela música, desse tentar fazer alguma coisa por você e pelos outros. O hip hop salva vidas, ele ajuda aquele garoto ou garota a ter forças pra ser forte, pra lutar, pra não se deixar abater. É uma cultura global, e como disse o organizador de um evento na zona leste de São Paulo, existe praticamente uma cartilha de como agir, do que fazer e do que precisa ser feito quando se faz hip hop, como é esse meio de vida, e isso nunca morre, a garotada que tá entrando agora pensa e sente do mesmo jeito do que as pessoas a mais de 20 anos atrás quando começaram com isso. Só que ninguém obriga ninguém a ser desse jeito, a pessoa é do hip hop porque ela se identifica com isso, ela se identifica com as letras, com a maneira de vida. A comunidade hip hop é muito unida, de qualquer lugar de SP, eles se juntam. Quero muito ir num festival desses, acho que aprenderia muito com as pessoas. O mais bonito hoje em dia, é que os músicos mais antigos dizem pra molecada hoje em dia, ter o hip hop como estilo de vida, como hobby, mas nunca deixar de estudar, pois eles passaram por uma fase que isso era praticamente impossível, e se aparecer gente com uma formação legal, o hip hop vai ser levado bem mais a sério. Amei. Amei a consciência que eles tem sobre tudo que acontece em volta deles, amei a forma que eles falam sobre a comunidade, a importância de se unirem. Eles realmente fazem alguma diferença, eu acho isso difícil hoje em dia, quem tem tanta força de vontade pra realmente fazer alguma coisa e não só esperar que ou outros façam, ou se reclamam da vida.
  Não entendo como o hip hop chegou nas classes altas, nem sei se as pessoas entendem alguma coisa que eles querem dizer, mas espero muito que algumas pessoas entendam a realidade passada pelas músicas e também exijam alguma mudança.
  Eu realmente acho importante essas ideias e esses ideais serem transmitidos, queria muito que as pessoas não tivessem preconceito sobre essas pessoas, que tentassem entender o que elas são e quem elas são antes de julgar. Você pode não gostar da música, mas respeite quem as ouve e tente entender o que é antes de falar qualquer besteira preconceituosa.